A eventual cegueira do amor.
As vezes penso que essa coisa de “digo
o penso”, “esse é meu jeito e não vou mudar”, seja apenas uma desculpa para poder
magoar as pessoas. A verdade dói e nem sempre é a melhor solução,
principalmente quando se trata de relacionamentos amorosos. Tá certo que a
família do seu amor é um saco, seu cunhado é um pentelho e você não vai nem um
pouco com a cara daquele melhor amigo, porém, antes de ter um ataque de
sinceridade e sair dizendo exatamente tudo o que pensa a respeito destas
pessoas é bom lembrar que foram elas quem amaram e apoiaram seu parceiro desde
muito antes de você estar ali, foram eles quem seguraram as barras, deram apoio
e força, compartilharam os piores e melhores momentos.
Amar implica, muitas vezes fechar
os olhos para algumas coisas que nos incomodam mas que são essenciais na vida
do outro, suportar situações para nós desagradáveis somente para poder
desfrutar de mais um momento lado a lado, nesses casos vale disfarçar o
desagrado ou omitir a opinião desfavorável, vale a pena esperar o momento certo
para conversar a respeito sem agressões ou cobranças.
Recentemente ouvi que isso é agir
com falsidade e hipocrisia, eu acho que é apenas vontade de preservar o outro
ou o momento que se está vivendo, costumo dizer que de amigo, cabelo e parente
só quem pode falar mal é a gente. Mesmo sabendo que uma pessoa não é a mais
cheia de qualidades do mundo, ninguém gosta de ouvir comentários maldosos a
respeito dela se a ama ou lhe tem amizade.
Claro que chega uma hora em que o
sapo simplesmente não desce mais, esse é o momento para uma conversa
civilizada, levando sempre em consideração que o amigo que você detesta pode ser a única
pessoa a quem seu amor pode recorrer sem pestanejar, que aquelas festas de família
que você acha tediosas marcaram a infância dele, que cada um tem seu jeito e
suas peculiaridades, que a grama do vizinho nem sempre é mais verde e que
sinceridade demais mais atrapalha que ajuda.
Às vezes, para ser feliz é
preciso agir como aqueles bonequinhos celebres, que não falam, não ouvem nem
enxergam. Amar é, de vez em quando fechar os olhos e engolir em seco.
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