Admiro a sutileza, quem consegue dizer coisas banais de um jeito mágico, poético, quem tira lirismo das tragédias cotidianas, enxerga o copo sempre meio cheio e extrai a beleza das coisas como se extrai o remédio da peçonha de alguns animais. Gosto dos desenhos, dos painéis irisados, dos textos cheios de sons, escritos para se ler, comer, sentir e cheirar, que de tão leves parecem flutuar, escorregar, derramar pelo papel, penetrando em minha pele, misturando-se à corrente sanguínea me deixando impregnada da leitura e com a sensação de mãos cheias de bonitezas e deleites.
Eu sou do tipo estabanada, aquela do “pronto, falei!” vai ver é porque a força, a agressividade, a doçura de fel que há em mim, não possa ser contida, aí extravasa pelos dedos e ganha o mundo. O texto vai assim, como um rio de lava, abrindo caminho e deixando marcas. Muitos nascem de violentas erupções. Não tenho heterônimos, eu poético, quase todos são autobiográficos, a maioria, impublicável, ou talvez, um excelente material para publicação póstuma. Sou um vinho virado vinagre.
O lirismo não me sorriu, a Musa não me deu trela, sobrou-me o texto seco, desprovido de meandros e subterfúgios, textos nascidos e mantidos nus, não têm manto que os cubra, suas vergonhas expostas e, quando (e sempre) existem, também as chagas.
Dedico esse post à querida Keudevir , cujo texto supre minha necessidade vital de boniteza e poesia.
poxaaaa eu babei agora:
ResponderExcluir1 - eu adoro essa escrita crua, adoro, me acho piegas demais quando escrevo... e esse contraste... Nossa, já quis isso tantas vezes!
2 - Já quis ser você então: essa forma direta, incisiva, corajosa...
Eu sou molenga, quase pueril.
Obrigada por dedicar esse post pra mim (eu fico toooda abestalhada, não estou acostumada, nunca acontece, rs)
Lindas palavras, sempre!