segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Entre Tecidos


As fibras de teu corpo entretecidas em mim criam uma trama que me desnuda, ao invés de me cobrir. Sou colcha de teus retalhos, deixei que imprimisses em mim tuas cores e formas para te ter comigo, não importa onde eu esteja nem onde fores. Me deixei ficar ao teu lado, que caminhássemos lado a lado. Deixei que teus dedos fossem pincéis a desenhar girassóis sobre meu torso nu, que os teus olhos me banhassem e tuas palavras me cobrissem. Deixei que teu olhar se demorasse, se derramassem em aquarelas. Me deixei inteira ser tua tela.
Deixei que teu beijos minúsculos decalcassem em meu corpo sonetos, verso a verso, que tirasses de meus lábios musica e melodia, me deixei totalmente ser tua poesia.
Deixo que teu silêncio me complete, que tuas lembranças me lavem os olhos, que seja balsamo e maresia. Deixo seguir esse ser não sendo, esse mais bem realizado não acontecido, me deixo ser sua, mesmo sem ter sido.

2 comentários:

  1. Ui Ui Uiiii!
    Adorei seu lado doce-apimentado em forma de texto.
    Adoro essa inovação "dedos-pincéis", "lembranças que lavam os olhos"...
    Um texto digno de publicação sem tirar nem por!

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  2. Menina, você me segue a um tempão, sumi destas bandas, e daí resolvi ver o que andas aprontando [afinal, com nome de Pimentah, não deve fazer outra coisa...]

    Amei o texto, poético em todas as escolhas!

    ^^

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